quarta-feira, 8 de junho de 2016

[ av.norte/ macaxeira ]

segunda-feira, 10:09am

subiu dois paradas depois de mim, 

sentou na minha frente, 
olhei fixamente sua nuca vários segundos,
ela não olhou para trás.
mas o reflexo do vidro denunciou, 

nossos olhares se cruzaram no abstrato, 
ela desviou para janela esquerda, eu para a direita.
Passaram três minutos, me fiz várias perguntas:

"Para onde ela vai? De onde é? Está indo ou voltando? Qual será o nome dela? 
Tem cara de Fernanda, ou seria de Taís. 
Vou procurar nas redes... Não, não vou."
De novo, 

nos olhamos no reflexo do vidro, esqueci a parada.
Ah, lembrei... 
Foi recíproco, namoramos, fizemos amigos, adotamos um cachorro, um gato, e nos formamos em filosofia seis anos depois, mas eu precisava descer, 
o meu caminho ao dela não conduzia.
perdi a parada. Gritei : " vai descer , motô. " 

ela olhou pra trás, e gritou não com os olhos, mas o letreiro
' parada solicitada ' e o sinal já estavam vermelhos. 

desci, ela seguiu, sobrevivi. 

as paixões do transporte coletivo urbano são definitivamente as melhores.

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