segunda-feira, 10:09am
subiu dois paradas depois de mim,
sentou na minha frente,
olhei fixamente sua nuca vários segundos,
ela não olhou para trás.
mas o reflexo do vidro denunciou,
nossos olhares se cruzaram no abstrato,
ela desviou para janela esquerda, eu para a direita.
Passaram três minutos, me fiz várias perguntas:
"Para onde ela vai? De onde é? Está indo ou voltando? Qual será o nome dela?
Tem cara de Fernanda, ou seria de Taís.
Vou procurar nas redes... Não, não vou."
De novo,
nos olhamos no reflexo do vidro, esqueci a parada.
Ah, lembrei...
Foi recíproco, namoramos, fizemos amigos, adotamos um cachorro, um gato, e nos formamos em filosofia seis anos depois, mas eu precisava descer,
o meu caminho ao dela não conduzia.
perdi a parada. Gritei : " vai descer , motô. "
ela olhou pra trás, e gritou não com os olhos, mas o letreiro
' parada solicitada ' e o sinal já estavam vermelhos.
desci, ela seguiu, sobrevivi.
as paixões do transporte coletivo urbano são definitivamente as melhores.
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