sexta-feira, 25 de novembro de 2016

[ heroína ]


minha cola

minha coca,
a pipa
a polícia
os muleque
neguinha- 
chamada mutala
chuta lata
pica esconde,
monta o bonde
na favela.
olha ela,
o nome dela é tal e qual,
bruta flor
do querer de quem?
amável do amor de quem?
não tem medo de ser levada à mal,
tatuou no peito
preconceito racial
sentada na viela
a heroína
marginal,
heroicamente viva
sobrevivente 
da puta democra... 
instaurada pelos
homens de ferro, que fazem da
cabeça de preta
prêmio.
pé de preto é cinzento
de correr no asfalto e
pra fugir.
ainda mais se você trans... gredir.
nascer preto
é agredir
o *belo padrão social*
e as artes
vomitadas pelos
artistas urubus,
vomitando em pratos de cristais,
considerados, 
onde o preto é pintado selvagem
e os brancos 
estão no topo da cadeia,
onde o preto apodrece acorrentado.
eu avisei,
a heroína tá descendo do morro,
e
todo preto tem dentro de si
um monte de bomba...
eu quero é ver quando tudo isso aqui explodir.