quarta-feira, 8 de junho de 2016

[ av caxangá parte um janela do ônibus ]

a vida é um ritual
acordar nem sempre é sorte,
mas chegar em casa é sempre zombar da morte,
é perigoso andar a pé,
é perigoso andar.
toma café depois só pra acreditar.
a vida taí para você ganhar,
e a cada início
que reiniciam os ciclos,
você não sabe por onde começar.
flertar com perigo,
soprar o veneno
pular muro
driblar as ameças, vai...
guardar as pontas
pra juntar com outras pontas
e uuum...
andar em bando,
articulação é mais que tática
coisa prática,
juntar quem cola na mesma fita, na balança a divergência política,
aqui não se soma ponto a cada obra,
o que você faz,
só mostra o quanto você se importa
e vamos lá
regando sonho com dor
pra depois colher as sobras.
fermentando luta com amor,
ateando fogo em ninho de cobra.
atar os nós
preparar a voz para gritar
punho para cima
aponta pro norte
viver espremido é um corre
mas a extensão do corpo é lutar...
asfalto
poeira
e a cara pintada!
mas não de cara.
contar de um até três,
e alinhar ,
o segredo da força é blocar.
um cálculo lógico pra ajudar
e
amplitude...
num mesmo plano
coragem e atitude
uma dinâmica ótica
para ver além
dessa cena caótica
por cima da fumaça
vem a passarada
vejo
punhos incontáveis
gritos sem ordem:
somos milhares,
eles não sabem contar.
enquanto a passarada canta,
faz a passarela balançar.
o morro inteiro, com a mão no gatilho, os maconheiros,
os ativistas, a negada, e as feministas
cuspindo na paz pálida
vendida em nome da fé.
quem não tinha visto nada
agora sabe como é,
voltemos ao mangue,
na linha de frente não se pode ter medo nem de lama, nem de sangue, né
tamo em pé
não pega a rua à direita,
fica na espreita
ah, eu quero ver pra que lado ,
você vai correr
no dia que o canal alargar
e quando a maré encher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário