quarta-feira, 8 de junho de 2016

[ atroz ]


Cresce 
a ponto de explodir,
e vai arrebentar
diante dos nossos olhos
a qualquer momento
Se você confundir
vou tentar explicar,
abrir a janela,
o vento de agosto vai bagunçar teus cabelos,
e soprar meu nome na tua nuca.
Graças a deus, você veio,
meu peito já era só o pó,
te faço um café
senta aí no sofá
a manta é de lã,
está limpa.
Senta que te conto sem métrica
poemas dramáticos 
pra esquecer a mágoa.

Você partiu
e acabou a frase.
aceitei um convite pra beber no 
sábado, Rua da Lama.
Fui de táxi.
Tomei um porre, esqueci a chave
perdi o ônibus, o calendário,
voltei desarmada e andando.
Criei uma úlcera, ganhei calos.
Andei pela Aurora
atrapalhando o tráfego,
perdendo o fôlego,
sentei num bar,
na esquina da Saudade, ali , sabe?
Olhando tua foto pensei:
talvez eu não
deva entrar em pânico,
fazer do coração cínico
e tomar um antídoto 
em dose única.
Que idéia mágica!


Não... Que trágico.
Você volta aqui!
Eu atrás,
você atroz,
maquiagem de atriz,
linda como uma cidade iluminada,
poderosa como um míssil
dócil como uma benção.
Preparei tudo,
e ensaiei prólogos,
mas tua presença de lâmina
me

o r t a 
o discurso.

 Eu disse
que “isso” de saber
antes de você dizer,
e aquela coisa
de
morar
no seu olhar
não ia prestar.
Mas, já que veio, fala...
fala alguma coisa e não cala,
que todo silêncio mata mais do que bala.
Me fala de ti,
que já conheço essa história,
você começa falando em ir embora.
Mas ó, calma...
tira os sapatos, 
o cigarro ainda tá aceso, 
ainda não te dei um beijo.
Dá tempo de rir antes de abraçar?


Toda vez
que você vai, eu parto.
Se não volta, ardo.
Queria te falar de amor
com talento, 
eu tento,
mas sou prolixa...
meu léxico é fraco,
quem fala por mim é o fluxo
e eu só deixo fluir.
É muito louco,
eu sei, te entendo. 
Mas
entende também,
que sou
refém da vida
que te leva de mim.
Será que agora você pode ir?
Devo fechar os olhos ?
Você escolhe a direção,
eu tomo a oposta.
Te protegendo de nós
mantendo
nossa integridade
em tom monocromático,
sem função sintática,
fora da lógica
numa sílaba isolada:
só.

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